Texto por: Izabeti Bittencourt da Costa.
Refletir sobre a arrogância é de extrema importância no contexto atual. O que é arrogância? Como se manifesta? Qual sua origem? Como descobri-la? É uma doença? Por que a arrogância ainda faz parte da nossa conduta?
O princípio que gera a arrogância foi colocado no homem para o bem. É a ânsia para crescer e realizar. O impulso para progredir. Instinto que prevê proteção e defesa. Fator para coragem, motivação e ousadia. Com ele surgem os líderes, as grandes realizações. O problema está no excesso, que gerou a paixão, que gerou o vício, que patrocinou o desequilíbrio.
Vamos inferir alguns conceitos para o sentimento de arrogar. Vejamos: Supervalorização de si. Exacerbada estima a si mesmo(a). Autoconceito. Arrogância é a atitude nascida no coração ocupado exclusivamente, com seu ego. É uma compulsiva necessidade de ser o primeiro, o melhor, manifestada através de um cortejo de pensamentos, emoções, sensações e condutas que determinam o raio espiritual no qual a criatura transita.
O traço predominante na personalidade arrogante é a não conformidade. A arrogância retira de nós o senso de realidade. O reflexo mais saliente do ato de arrogar é a disputa pela apropriação da verdade. De posse dessa sensação orgulhosa de possuir o certo, adotamos, há milênios condutas que nos causam agradável ilusão de possuirmos autoridade suficiente para julgar com precisão a vida alheia.
O orgulho é o sentimento de superioridade pessoal e a arrogância é a expressão doentia desse traço moral. Nossa grande dificuldade reside em desconhecer nosso real tamanho evolutivo. Diminuindo o outro, sentimo-nos maiores. Humildade é saber quem se é. Nem mais, nem menos.
Quando nos abrimos para legitimar a humildade em nossas vidas, adotamo-nos como somos. Aprendendo a gostar de nós, eliminamos a ansiedade de competir para denegrir ou excluir. Quando nos amamos , a ânsia de progredir transforma-se em fornalha crepitante de entusiasmo, distanciando-nos da atitude patológica de prestígio ou reconhecimento. Somente no clima do autoamor elencamos condições essenciais para o aprendizado, crescimento e libertação. Sem autoamor não respeitamos os semelhantes.
Periodicamente devemos nos perguntar: que tenho feito dos recursos e talentos a mim confiados? A diluição dos efeitos da arrogância em nós depende da atitude honesta em lidar com os sentimentos que orbitam na esfera desse reflexo cristalizado no campo mental. Essa honestidade emocional inicia-se com as perguntas: Por que estou sentindo o que estou sentindo? Qual o nome desse sentimento? Qual a mensagem está querendo deixar? Qual lição preciso aprender?
O desgaste das forças íntimas ao longo desse trajeto de ilusões na supervalorização de si trouxe como efeito o vazio existencial. O mais genuíno ato de amor a si consiste na laboriosa tarefa de fazer brilhar a luz que há em nós. Nesse momento de perspectivas alvissareiras, o resgate de si mesmo(a) há de se tornar meta prioritária das sociedades sintonizadas com o progresso.
Sobre o autor: Izabeti Bittencourt da Costa é Pedagoga, Mestre em Educação e Terapeuta Holística.