Texto por Mônica da Silva Lima.
O câncer é hoje a segunda causa de óbitos no mundo, só perdendo para as doenças cardiovasculares. Quando uma pessoa descobre o diagnóstico do câncer, isto lhe causa um impacto enorme em sua vida, muitos pacientes utilizam estratégias para enfrentar a doença de diversas formas, sedo a religião e a espiritualidade as quais predominam. A fé ganha importância relevante na história de vida de cada pessoa, assim ela deve ser estudada em suas expressões características, articulando-se com as etapas já bem conhecidas do desenvolvimento psíquico. Se durante séculos religião e ciência ocuparam domínios completamente separados, essa virada de milênio reservou uma reviravolta no assunto. De parte a parte, ciência e religião vêm mostrando um mútuo interesse de aproximação.
O panorama atual dos estudos sobre religiosidade e saúde demonstra, às vezes, uma valorização apenas de seus aspectos adaptativos. Contudo, estudiosos alertam para os possíveis efeitos, tanto positivos como negativos, da religiosidade, o que pode ser influenciado pelos modos de lidar com eventos estressores e pelas crenças e práticas religiosas envolvidas neste processo.
Pautando-se no que entendemos acerca do papel da religiosidade, ressalta-se que um problema muitas vezes encontrado não é a proposição de explicação religiosa para os eventos adversos que ocorrem na vida, mas sim o uso exclusivo dessas explicações em detrimento de outras.
É importante ressaltar que o uso da espiritualidade só faz sentido se essas crenças fizerem parte do sistema de valores geral da pessoa. Dessa forma, não se trata aqui de uma defesa do uso da espiritualidade como instrumento, mas sim de sua valorização e incentivo quando o paciente possui crenças religiosas e, em virtude disso, já o faz em sua vida. Ademais, em estudo sobre o câncer e espiritualidade, ressalta-se que o envolvimento da espiritualidade não pode ser direcionado unicamente à cura da doença, mas ao bem-estar mais amplo da pessoa, incluindo outros aspectos da vida.
Faz-se necessário o reconhecimento da espiritualidade como componente essencial da personalidade e da saúde por parte dos profissionais; esclarecer os conceitos de religiosidade e espiritualidade com os profissionais; incluir a espiritualidade como recurso de saúde na formação dos novos profissionais; adaptar e validar escalas de espiritualidade/religiosidade à realidade brasileira e treinamento específico para a área clínica.
Sobre o autor: Mônica é bióloga, graduada pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, É Docente, palestrante, especialista em Oncologia Multiprofissional e pesquisadora em Terapia Antitumoral. Instagram: @limamonica.bri