Texto por: Pedro Garrido.

    Por que às vezes o escritor tem que parecer distante do seu público? Por que alguns agem como se estivessem no topo da “cadeia alimentar”, como reis que ignoram a plebe, e seus leitores têm que agir como fãs e súditos, distantes de sua “grandeza”, como se ler fosse um ato e escrever fosse outro completamente diferente? Ler e escrever andam juntos, autor e leitor são um só.

   Apesar das academias nomearem os seus destaques como imortais, quem escreve também lê e ambos são meros mortais e assim como tudo neste mundo, são passageiros, todo status é passageiro. Todo aprendizado que nos move ao conhecimento deve abrir nossos olhos para transformar as realidades que nos pressionam ao caos do mundo, se não de nada serve, não servimos, só julgamos.

     Se minha missão no mundo não for a de estar ao lado de quem me lê eu não tenho missão. Nossa missão não deve ser a de sermos os mais lidos no mundo, mas possibilitarmos através da leitura a construção de um novo mundo, onde quem me lê, também se escreve, se descreve e faz com que ele também seja lido por outros, como uma reação em cadeia. O meu espaço não é só meu, não existe concorrência, não deve existir superioridade onde o autor olha de cima os seus leitores como se você fosse um deus e a qualquer momento eles podem deixar de ser úteis e você os elimina.

  As distâncias atrapalham, a linguagem difícil afasta, o comportamento de celebridade tira o encanto da leitura. Devemos ser próximos da realidade, próximos da linguagem, próximos do público que queremos alcançar, devemos ser verdadeiros, não um personagem, um falso rei encastelando em redes sociais, sem um reinado, com súditos sedentos por autógrafos “reais” ou esperando a benção de uma simples menção em um comentário. Se em algum momento existia o distanciamento entre escritores e leitores, este momento já faz parte do passado e precisamos com isso mudar a realidade da leitura e escrita no país.

Sobre o autor: Pedro Garrido é Poeta, Pedagogo e Escritor.